Arquitetura.
Ensaio sobre a arte. Étienne-Louis Boullée, tradução Carlos
Roberto M. Andrade. Disponível em www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/risco/n2/09.pdf.
Boullée
desde o início mostra-nos com seus argumentos os seus estudos voltados para sua
arte, que não se limita apenas nos estudos dos antigos mestres, ampliando seu
estudo sobre a natureza e consequentemente sobre as formas que ela produz.
Sendo assim, a definição de arquitetura em seu ponto de
vista, não se dá com Vitrúvio e sim pela arquitetura primitiva, pois como diz o
Boullée:
“Nossos primeiros pais construíram
suas cabanas apenas após terem concebido sua imagem. É essa produção do
espírito, é essa criação que constitui a arquitetura.” (Boullée, pág. 99).
Nesse âmbito, ele destaca que “é preciso estudar os meios
de construir solidamente antes de buscar construir agradavelmente” (Boullée,
pág. 99). Essa é a parte essencial da necessidade primária.
Contradizendo o seu pensamento, destaca o pensamento de
Perrault, onde para ele a arquitetura não se baseava na natureza, logo a
denominava uma arte fantástica e de invenção pura. Contudo, François Blondel
tentou rebater esse pensamento, mas seus argumentos não foram suficientes. Pois
Boullée afirma, que os artistas guiados pelo dom da natureza são levados a produzir
a perfeição e serão hábeis à arte.
Segundo o autor, eram poucos os autores que procuravam
aprofundar seus estudos considerando a arquitetura sob os pontos de vista que
pertencem à arte. Com isso, o comentarista de Vitrúvio nos diz:
“A arquitetura exige o conhecimento
das ciências que têm relação com a geometria, com a mecânica, a hidráulica, a
astronomia, em seguida com a física, com a medicina.” (Boullée, pág. 100).
Em contraposição, o autor nos afirma que as ciências e as
belas artes tem relação com a arquitetura considerada como arte, chegando-se a
desvelar a existência e a fonte dos princípios sobre os quais se funda a arte
da arquitetura. Concretizando o seu pensamento, mostra-nos que a admiração
pelas belezas que não tem relações com a natureza de onde o verdadeiro belo
emana, provém apenas de um costume de ver, sem que exista uma beleza real.
A arquitetura para Boullée devia-se igualar a todas as
outras artes como a pintura e a literatura, pois os artistas que a dominam são
livres para seguir seus estudos relacionados aos sentimentos que a natureza nos
proporciona. Pois para ele é fantástico o ideal da pintura, porque nela o
artista pode representar através das tintas, o calor ou o frescor do ar e a
luz, e a literatura que engloba mediante seus textos os nossos sentimentos e
emoções, ambas as artes caracterizam pelas paixões que nos atingem, fazendo-as
entrar em nossa alma. Porém, a arquitetura em sua essência devia-se apresentar
um conjunto de ideais, assim como as outras artes, buscando formas para
despertar sensações agradáveis e de bons sentimentos para o bem estar do homem. Assim ele diz:
“Acredito sim que nossos edifícios,
sobretudo os públicos, deviam ser, de algum modo, poemas. As imagens que eles
oferecem a nossos sentidos deveriam despertar em nós sentimentos análogos ao
uso para o qual esses edifícios são consagrados.” (Boullée, pág. 98).
Para
Boullée, se a arte na arquitetura tivesse atingido a perfeição assim como as
outras artes alcançaram, não se existia divergências em saber se a arte na
arquitetura é voltada para a natureza ou se ela é pura invenção.
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